Apesar de sua intensificação recente, as relações entre Brasil e Índia vêm de longa data. As duas nações já comercializavam no período colonial, ainda que de maneira informal. Vários navios e naus indianas saíam do porto de Goa e atracavam no Brasil para comercializar com os colonos, o que era proibido pela Metrópole portuguesa. Dentre os produtos comercializados, estavam a cana de açúcar, o coco, especiarias, a manga, o gado, dentre muitos outros produtos. Com o fim do pacto colonial, no século XIX, essas trocas continuaram mas, após a independência do Brasil, elas praticamente cessaram.
Os países só voltaram a se relacionar de fato com a independência indiana, em 1947; no ano seguinte, foi criada a Embaixada do Brasil em Nova Délhi. No entanto, foi no início da década de 1990 que as trocas políticas e econômicas se impulsionaram, devido a uma maior abertura por parte das duas nações. Em 1996 o então presidente Fernando Henrique Cardoso fez uma visita oficial à Índia, e dois anos depois o presidente indiano K. R. Nayaranan veio ao Brasil. Em 2004, foi a vez do presidente Luís Inácio Lula da Silva visitar a Índia, retornando em 2007 para discutir uma aliança estratégica entre as duas grandes nações. Ainda no contexto diplomático, o Brasil recebeu a presidente Pratibha Devisingh Patil em 2008. Em 2012, Dilma embarcou à Índia, recebendo, em 2014, o Primeiro Ministro Indiano, Narendra Modi, na Cúpula dos BRICS em Brasília. O ciclo encerra-se com a visita de Michel Temer à Índia para atender, também, à uma Cúpula dos BRICS, em 2016. A nível estadual, em 2005, o então governador de São Paulo, Geraldo Alkmin, visitou a Índia para participar de seminários voltados à promoção de negócios, enquanto que, em 2011, o governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, passou por três cidades indianas em uma missão de negócios. Enfim, no ano passado foram comemorados 70 anos de relações diplomáticas entre a Índia e o Brasil por meio do lançamento de um selo comemorativo, em parceria com os Correios.
Essas relações foram se intensificando com cada vez mais trocas comerciais, graças a criação do IBAS (Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul) e do BRICS, e aos esforços dos dois países de cooperação multilateral, através de reuniões, acordos e declarações conjuntas. No ano 2000, a participação da Índia no comércio exterior brasileiro era de apenas U$ 500 milhões, mas em 10 anos essa quantia subiu para U$ 7,7 bilhões (chegando a U$ 12 bilhões em 2018). No que concerne a relação de negócios entre os países, é possível destacar a realização de mais de 40 missões empresariais lideradas pela Câmara de Comércio Índia Brasil para eventos multissetoriais e setoriais com foco, principalmente, em Tecnologia da Informação (TI), agricultura , farmácia e energia.
O Brasil e a Índia têm muito em comum: são países de vasta extensão territorial, com uma grande biodiversidade e população multicultural e multiétnica. Além disso, buscam o desenvolvimento social e crescimento econômico sustentável aliado ao progresso tecnológico. Isso é um incentivo a essas relações e mostra que as duas nações têm muito a ganhar com a colaboração comercial e política.
Fontes:
BARBARÁ, Mariana P. Cooperação Sul-Sul: A Relação Brasil-Índia (1990-2010)
Este é um post em parceria com o BRICS Observer, organização estudantil sem fins lucrativos destinada à pesquisa, análise e propagação de conhecimento relativos ao BRICS sob uma perspectiva brasileira.